Com este título -"OS HERÓIS DO REGIME"- , Baptista-Bastos escreve, no DN de hoje, um excelente artigo, sobre a forma como os nossos OCS, nomeadamente as televisões, trataram (e continuam a tratar) a preparação da nossa selecção para o Euro 2008. Reproduzo, apenas, os três seguintes parágrafos, bem suficientes, a meu ver, para se aquilatar de todo o exagero desenfreado que, sobre este assunto, por aí vai:
"O alarido em torno da selecção nacional de futebol chega a ser indecoroso. No último domingo, então, o caso foi ameaçador: as três principais estações de televisão consagraram horas e horas à viagem dos futebolistas entre Viseu e Neuchâtel.
Gilberto Madaíl, esse homem fatal, sempre insaciado de banalidades, assertoou uma série de dislates, com o ar grave de quem vai influir nos destinos da Pátria. Scolari, místico, iluminado por todas as Imaculadas, às quais costuma rezar com transporte e fervor, declarou a sua eterna gratidão a um povo tão ligado àquele grupo de "heróis", e tão estremecido quando a Bandeira é içada e A Portuguesa entoada com as estrofes trocadas.
Marcelo Rebelo de Sousa, professor de múltiplos interesses e ávidas curiosidades, pediu desculpa aos seus "amigos intelectuais", mas Portugal devia mais a Cristiano Ronaldo e a outros - do que não se sabe a quem, porque não esclareceu. Esperava-se, de Marcelo, um outro modo de ver, um ponderado rogo de reflexão, um trémulo apelo ao bom-senso. Com a convicção vigorosa que se lhe reconhece rojou-se aos pés dos seleccionados, ao mesmo tempo que ironizou das opiniões daqueles, manifestamente hostis ao empreendimento de imbecilização. Ao contrário de Rui Santos, jornalista especializado em futebol, que se não coibiu de criticar o exagero do circo, chegando a designá-lo como "alienação"."