O grave é que tudo se passe na maior impunidade, sem que as instituições do Ministério Público, policiais e de controlo investiguem os rumores que circulam ou, se o fazem, as investigações não são divulgadas para terem, ao menos, a consequente sanção moral. A comunicação social às vezes fala e escreve. Mas como não há resposta o silêncio é suposto fazer esquecer. Será assim?
Por outro lado, a justiça é lenta, muito lenta, e dá a sensação de ser inconclusiva e de não actuar com a celeridade necessária nessas matérias "delicadas". Os exemplos saltam à vista: desde o julgamento do processo "Casa Pia", que se eterniza, ao "Apito dourado", aos processos abertos contra autarcas e a tantos outros. São exemplos extremamente mediatizados, mas como parecem ser inconclusivos só servem para desacreditar a eficácia da justiça.
A investigação pela Polícia Judiciária do caso Madeleine McCann, que emocionou o País e foi tão divulgada no estrangeiro, sobretudo no Reino Unido, é outro exemplo que não coloca bem Portugal. É sabido, pela experiência alheia, que uma tal investigação não é nada fácil. Mas a Polícia Judiciária, por isso mesmo, deveria ter-se resguardado mais da curiosidade insaciável dos media, e não ter referido tantas pistas e contrapistas, chegando a declarar arguidos os pais da infeliz menina. Para quê, se não tinham provas? Para agora o director da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, reconhecer que a organização que dirige "agiu por forma precipitada". Houve, com efeito, demasiadas declarações precipitadas, incluindo talvez a dele..."