Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Romulo de Carvalho
Com este lindo poema, brilhando mais do que o sol, nesta tarde cinzenta e feia, iluminam-se horizontes de festa e escaldantes fogos de artifício para o futuro de amanhã. Assim seja!