Até à criação da BT, em julho de 1970, o relacionamento da Guarda com os "orgãos de comunicação social" (naquele tempo, dizia-se, apenas, "imprensa", ou "os jornais") era diminuto, para não dizer nulo. Os tempos eram outros, as regras sociais eram outras, também, e as questões que hoje determinam um dálogo constante das "forças de segurança" (antes dizia-se, apenas: polícia e gnr) com os ditos OCS são, por outro lado, bem diferentes, porque mexem profundamente, como não mexiam há 30/40 anos, com a segurança das pessoas e dos respectivos patrimónios.
De qualquer forma, já em 1970 a RTP tinha um programa semanal (ou quinzenal, talvez) exclusivamente dedicado à segurança rodoviária, com uma duração de 20 minutos, se bem me lembro. Chamava-se o programa SANGUE NA ESTRADA e era seu autor/apresentador Joaquim Filipe Nogueira, um antigo às do volante daqueles tempos. Por lá passavam, regularmente, pessoas ligadas, por isto ou por aquilo, ao mundo automóvel, para falar, muitas vezes, de generalidades e culatras. Recordo-me de lá ter ido, também, algumas vezes, o Comissário Belarmino, elemento preponderante e altamente qualificado da extinta PVT.
O nascimento da BT, no quadro sucintamente descrito, animou Filipe Nogueira a solicitar à Guarda que autorizasse (e nomeasse) a comparência de um seu elemento no referido programa, com a expressa finalidade de se abordar, em termos públicos, a nova missão que lhe fora atribuida, para o cumprimento da qual fora constituida aquela Unidade. Foi nomeado um oficial da BT.
Era uma situção inédita e, por isso, merecedora de todas as cautelas. Nada podia correr mal. Havia instruções rigorosas do Comando Geral, cautelas e caldos de galinha do próprio Ministário: do que se podia falar (e como) e daquilo de que se deveria fugir. Tenham-se em conta as razões então invocadas (e propaladas à boca pequena) para a extinção da PVT.
Fico, hoje, por aqui. Voltarei ao tema, porque bem merece ser continuado.