"Daí vem o caso, talvez único na Europa, de um povo que não só desconhece o
patriotismo, que não só ignora o sentimento espontâneo de respeito e amor pelas suas tradições, pelas suas instituições, pelos seus homens superiores; que não só vive de copiar, literária e politicamente, a França, de um modo servil e indiscreto; que não só não possui uma alma social, mas se compraz em escarnecer de si próprio, com os nomes mais ridículos e o desdém mais burlesco. Quando uma nação se condena pela boca de seus próprios filhos, é difícil, senão impossível, descortinar o futuro de quem perdeu por tal forma a consciência a dignidade colectiva."
Oliveira Martins, História de Portugal, 1879
Julgo que já não é a primeira vez que aqui trago este excelente e muito específico texto de Oliveira Martins. Repito hoje a dose. Não sei bem a que propósito, ou, mesmo, se haverá algum propósito, nesta repetição. Um impulso houve, certamente. Talvez vindo da leitura da imprensa de hoje, que nos traz, mais uma vez, a imagem de que nos condenamos, como NAÇÃO, pela nossa própria boca.