Acabei de ouvir a "conversa" do prof Marcelo, no seu habitual programa de domingo, na RTP1 . E dispus-me a ouvir toda a"conversa" porque estava interessado em verificar se o prof fazia alguma referência ao caso da publicação, na revista Tribune , de publicidade política alegadamente encomendada e paga pelo governo português. Foi uma desilusão total, a confirmar outras tantas intervenções recentes. Não só no assunto Tribune , mas também sobre a anunciada greve da função pública, a ter lugar dentro de dias. Aqui, o prof meteu os pés pelas mãos, ziguezagueou às cotoveladas nas paredes, perdido numa confusão de argumentos, muito bem apertado, aliás pela jornalista entrevistadora. Em resumo: concorda com os motivos da greve, mas não adere a ela porque...já teve responsabilidades políticas e, se estivesse no governo, adoptaria as medidas decididas... por concordar com elas!!!
Para dizer a verdade, analisando toda a "lição" de hoje, é caso para concluir: o dr Jorge Coelho não teria dado uma "aula" melhor. E porquê, perguntará o meu tio Anacleto, nas "alturas" da sua serena perspicácia?
Porquê?
publicado por poleao às 21:31
Uma publi-reportagem paga por Portugal e publicada na revista norte-americana Fortune descreve Cavaco Silva como um observador silencioso das grandes reformas de Sócrates. O anúncio, disfarçado de artigo, recolhe opiniões do ministro da Economia e do presidente do ICEP - Instituto das Empresas para os Mercados Externos, e exibe uma foto do primeiro-ministro no papel de homem do leme. Uma fonte do gabinete do primeiro-ministro assegurou à SIC que São Bento não se revê nesse conteúdo. O tema fez manchete este sábado no semanário Sol.
Uma reportagem paga da primeira à última linha mas de que nenhuma entidade oficial assume a paternidade. Ninguém diz quem pagou as dez páginas que o artigo rendeu no encarte especial da revista Fortune .
Um panegírico ao Governo de Sócrates, ao empenho reformador do pragmático primeiro-ministro socialista, o homem da terapia de choque que travou a instabilidade dos três anos anteriores. O corajoso Sócrates que avançou para as reformas há muito adiadas, penosas, impopulares, mas vitais.
No papel de observador silencioso surge o figurante Cavaco Silva - o Presidente da República que, com o seu silêncio, facilita o árduo trabalho de Sócrates. Afinal o objectivo de ambos é comum - colocar Portugal outra vez nos carris.
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A ser verdade tudo isto e o mais que se lê no referido semanário, então ter-se-á perdido, de vez, o pudor. Chegados aqui, já não estaremos, tão só, a chafurdar num "pântano". Ficaremos a esbracejar num charco de águas fedorentas, sem força, ao menos, para gritar por socorro.
publicado por poleao às 00:23