Como qualquer pessoa minimamente interessada em assuntos ligados ao deporto, em geral e ao futebol, em particular, tenho acompanhado, de perto, a "teatrada" do chamado caso Mateus. Discurso após discurso, conferências de imprensa umas seguidas às outras, intervenções , lições , interpela ões e outra coisas terminadas em ões ", como sabichões e convencidões , tudo tenho ouvido, lido e visto, tipo lata de bolos sortidos, numa azáfama infernal, doentia, medonha. Só falta falar e botar opinião um, ou outro, Prémio Nobel, para se ter a certeza de que estamos, na verdade, em presença de um caso muito sério para o futuro da Humanidade.
Vejamos alguns, entre outros, dos eminentes mestres que têm subido ao palco e ditado sentenças sobre o caso:
Rui Santos (acho que é este o seu nome), da SIC, tem o condão de falar durante uma hora -que é o tempo de antena que a estação lhe dá, semanalmente- sem dizer nada. Fala, fala, fala, dá não sei quantas voltas ao bilhar grande e, no fim, espremido o limão, sai uma pequena gota, sem cheiro e sem sabor. Sobre o caso Mateus,... fez projectos para o futuro e não se quis envolver sobre qual o prato onde está a razão.
Valentim Loureiro, de cada vez que falou, com aquele seu ar definitivo, meteu os pés pelas mãos, as mãos pelos pés, num estafado exercício de acrobacia, já sobejamente conhecido e desacreditado no mundo da bola.
O Presidente do Gil Vicente, acossado pelos seus pares e empurrado pelos membros do "Gabinete Jurídico" do Clube, multiplica vers ões da verdade -da sua verdade , claro- e papa intervenções nos OCS como o meu tio Anacleto descasca amendoins, à porta da taberna do Ti Manel , nestas tardes solarengas .
Dias Ferreira, Fernando Seara e Guilherme Aguiar estiveram ontem na SIC Notícias, como habitualmente, às segundas-feiras. Do alto dos seus coretos, teatraram durante hora e meia, declamaram as mais lindas estrofes das respectivas poesias, leram artigos, sentenças, providencias cautelares, citações eruditas, mas nenhum teve a coragem de dizer, clarinho como água, de que lado estava (e está) a razão . Isto é: jogaram muito bem, fizeram fintas maravilhosas, passes fenomenais, mas não marcaram um único golo.
O mestre dos mestres -o Prof Marcelo- parece-me, com o devido respeito, uma espécie de "pavilhão polivalente". Dentro daquela cabeça jogam-se, com a mesma proficiência e eficácia, todos os desportos -perdão, todos os assuntos. Ainda vou ouvi-lo dissertar, um dia destes, sobre as tendencias modernas do jogo do berlinde, ou da cabra cega. A verdade é que, com toda a sua luz penetrante, andou às curvas, sem direcção certa, no seu programa de domingo, na RTP.
Cunha Leal foi, de todos os que ouvi, o único que falou claro. Chamou os nomes aos "bois" e contou a sua história com palavras simples, das que as pessoas simples entendem. Não sei se a razão das coisas está toda do seu lado, mas a sua argumentação foi a única que me convenceu .
Vamos a ver. As luzes do teatro terão, forçosamente, que apagar-se, em poucos dias, sob pena de muitas empresas do ramo entrarem em falência.
publicado por poleao às 17:39