PIRUÇAS

Janeiro 11 2006

Portugal na banca-rota





«O ministro das Finanças afirmou ontem que daqui a 10 anos o Estado não terá dinheiro para pagar reformas». Um político que diz isto, espalhando o pânico entre os trabalhadores votantes, é um inábil. Um Ministro que diz isto, lançando a desconfiança sobre o Governo a que pertence, devia ser demitido. Um Ministro das Finanças que assim se revela tão superficial, é um irresponsável. E, no entanto, tudo sucede porque o autor da proeza resolveu alinhar na facilidade de ir à TV alinhar naqueles debates em que nada se esclarece. Entre bocas e apartes saíu-lhe esta. Agora venha explicar que a verdade é mais complexa e que não é bem assim. Está feito o mal!

 

Acabo de ler este post no "a revolta das palavras".

 

A minha "bota" anterior diz bem com esta "perdigota".
publicado por poleao às 15:50

Janeiro 11 2006

Segurança Social garante estabilidade do sistema
Polémica Vieira da Silva contraria tom alarmista de Teixeira dos Santos sobre falência do sistema Medidas em vigor preconizadas pelo Governo deverão evitar o pior em 2015 

OMinistério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS) reafirma o objectivo de encerrar este ano com um saldo positivo de 101 milhões de euros. Além disso, a mesma fonte lembra uma série de medidas já tomadas no sentido de garantir a sustentabilidade financeira, contrariando, desse modo, as declarações do ministro das Finanças sobre a ruptura, dentro de 10 anos, da Segurança Social (SS).

Anteontem, num programa televisivo, Teixeira dos Santos referiu-se à falência do Fundo de Estabilização da SS dentro de 10 anos, se nada fosse feito, um cenário já previsto no Relatório de Sustentabilidade Financeira da SS. No entanto, ontem, o próprio ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira da Silva, optou por um tom mais sereno e disse que existem condições para vencer as dificuldades de sustentabilidade da SS, desde que sejam tomadas as medidas adequadas. Fonte do Ministério das Finanças garante que o ministro quis fazer apenas um novo alerta sobre o sistema de SS no contexto de um debate televisivo sobre as perspectivas para este ano, e nada mais. (JN, de hoje)


 


Haverá melhor exemplo de chantagem política do que as declarações "dramáticas" proferidas, na última 2ª feira, na RTP, no programa Prós e Contras, pelo sr ministro das Finanças? Isto é: ou aceitam, de bico calado, aquilo que nós queremos fazer, ou, então, o mais tardar em 2015, o Estado não pode pagar aos pensionistas as respectivas pensões. Esta é, do meu ponto de vista, uma grosseira e intolerável maneira de fazer política -a que os "yes man" chamam, naturalmente, de "realista".


Pelo que li e ouvi, desde então, as "coisas" não são bem assim, porque há "considerandos" importantes de análise que não foram ponderados -sabe-se lá porquê-  pelo ministro Santos. Afinal ainda há esperança de salvar o doente -disse já o ministro da Segurança Social. Isto é: tal como nas "presidenciais", a "oposição" vem mesmo de dentro do PS. Por isso, é oportuna esta pergunta, já feita, à boca cheia, por muita gente: o maior partido da oposição -o PPD/PSD- fechou para obras, perdeu o pio ou prepara-se para abrir falência, seguindo o exemplo, aliás, da falência da Segurança Social, publicamente prevista pelo sr ministro das Finanças?


 


 

publicado por poleao às 14:54

Janeiro 11 2006

 Não resisto à tentação de publicar aqui, com a devida vénia, esta excelente "foto" da actualidade portuguesa:


DEVIDA COMÉDIA


por Miguel Carvalho in "Visão" on line


Quarta, 14 Dezembro 2005


 «Só gostava que algumas coisas ainda estivessem no sítio. E a alma e o coração não se ressentissem desta modernidade consumida a prestações, por conta de um futuro que não deixa saborear o tempo presente».


 Modernidade


Conversa-se num telemóvel XPTO, terceira geração, câmara fotográfica, vídeo, Internet. Só lhe falta fazer café e vomitar faxes. Mas não tem rede nos sítios mais improváveis e ouve-se as pessoas como se estivesse no Bangladesh.Escreve-se num computador com memória de elefante e rapidez de fórmula 1 que, por capricho, bloqueia nas partes boas do texto e se estampa a arquivar o que preciso. Ignorante de pai e mãe, o bichinho tem o corta e cola e outras ferramentas de grande utilidade para os iletrados preguiçosos e analfabrutos de serviço. Almoça-se uma sopa e um croquete ao balcão para pagar o carro, a casa, o ecrã plasma e o adolescente lá de casa que trocou a mesada pelo mensalão.Lê-se (lê-se?) jornais giros, carregadinhos de suplementos e fascículos sobre o brinco através dos tempos ou outros coleccionáveis sobre as cuecas das misses. Também oferecem faqueiros, crucifixos, bolas de futebol, berlindes, panos de cozinha e atoalhados. Às vezes também têm notícias.Modernos que são, fecham a edição cedo. Normalmente depois dos telejornais das oito, não vá um camião desgovernado matar três pessoas na A1 ou um tresloucado varrer a família à sacholada, coisas que dão sempre boas notícias, como se sabe.Os telejornais entretêm, os reality-shows são notícia.Os jornalistas andam de avião, jogam golfe, dão entrevistas íntimas, mostram os filhos e cão. Jantam com o patrão, no crédito têm mais de um cartão. As putas escrevem livros. Sim, as putas escrevem livros e há quem os publique.Trocou-se a ética pela estética, a retórica pelo pensamento, a dedicação pela sabujice, o profissionalismo pelo amadorismo pavoneante.A ignorância, a desfaçatez, o culto do umbigo, do eu e do meu, ensinam-se nas escolas e promovem-se nas empresas.Cultiva-se o físico e a flacidez da mente.Governa-se ao sabor da corrente com assessores, conselheiros, maquilhadores e chefes de gabinete.


Em Portugal, as putas já foram digníssimas senhoras de rua e boteco manhoso.Os jornais fechavam tarde, de madrugada e davam notícias.Os jornalistas já foram grandes comedores e bebedores, deitavam-se tarde e, mesmo assim, escreviam belas prosas.Comia-se sentado e bebia-se com elevação.Não publicava livros quem podia, mas quem sabia. Escrever.Lia-se a Maria e a Nova Gente, jornalismo rosa de referência antes de saber-se o que isso era.Falava-se ao telefone com tempo, escreviam-se cartas aos amigos, aos amores.A política tinha gente com nomes de peso. Agora pesa-nos até o nome dos políticos que temos.Saudosista, eu? Não, nem por sombras. Só gostava que algumas coisas ainda estivessem no sítio.E a alma e o coração não se ressentissem desta modernidade consumida a prestações, por conta de um futuro que não deixa saborear o tempo presente.

publicado por poleao às 11:58

TÃO LONGE DO MUNDO E TÃO PERTO DE TUDO
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