Ontem, ao passar por um canal de TV (julgo que foi "a dois"), dei conta que estava a ser entrevistado, por dois ou três jornalistas, o sr ministro da Administração Interna -o cabo Costa, como é conhecido na gíria. Embora não parasse por muito tempo a ouvir este polivalente governante, deu para saber que já nomeou um "grupo de trabalho", ou lá o que é, para ESTUDAR a segurança interna que temos e propor outro modelo que garanta uma melhor segurança para os portugueses -melhor em tudo, mas que, naturalmente, custe menos euros!! Lá foi, entretanto, dizendo, respondendo a perguntas dos jornalistas, que a "comissão" encarregada do ESTUDO é "transparentemente independente", muito embora, ao que me pareceu, todos eles, incluindo o sr ministro, se orientem pela mesma cartilha.
E já hoje, ao sair de uma outra reunião, igualmente relacionada com as "contenções orçamentais", o nosso cabo Costa adiantou mais esta: muito embora a GNR seja uma força militar, não faz sentido que muitas centenas dos homens que a integram estejam a fazer serviços burocráticos, e outros, dentro dos quarteis, em vez de serem ocupados no patrulhamento exterior.
Seguindo esta lógica, em breve chegará o tempo em que, no interior dos quarteis da Guarda, serão colocados, para não dizer "despejados", os mal-amados excedentários da função pública. Passaremos, então, a ter, bem ao gosto do sr ministro, uma FORÇA DE SEGURANÇA DE PORTAS ABERTAS.
Claro que isto sou eu a magicar com os meus botões, a sonhar alto, talvez. No fim de contas, o sr ministro é que terá razão. Será até caso para o saudar assim, com Camões:
E vós, ó bem nascida SEGURANÇA
Da lusitana antiga liberdade,
E não menos certíssima esperança
Do aumento da pequena cristandade;
Vós, ó novo temor damaura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande.
(Lusíadas, estrofe VI)