Desde há muitos anos que sou leitor (e comprador) do Correio da manhã. Sempre achei o jornal muito feito para o meu "feitio", isto é: ligeiro em tudo, muito bom na informação geral (a que interessa aos homens de fato cinzento, como eu), avesso aos escândalos e pouco dado -mesmo nada- a colagens políticas ou, melhor, completamente apartidário e sem aqueles "artigos lá do fundo", pretensos educadores do Povo. De há tempos para cá, talvez meses, o CM, preocupado com a venda, de qualquer forma, de mais e mais papel, enveredou pela viela do sencionalismo barato, trazendo, com frequência, à primeira página, "escândalos" conseguidos pelos seus "jornalistas de investigação" que dias depois eram (e foram) desmentidos categoricamente pelos visados, em publicação exigida ao abrigo da Lei de Imprensa.
Para acinzentar ainda mais a fotografia, Octávio Ribeiro, um dos directores do jornal, perdeu o equilíbrio que devia ter e deixou-se cair, nitidamente, para um dos lados da barricada política. Hoje, escorreu, para mim, a gota de água final: na primeira página, em letras garrafais, esta notícia -SECA DUPLICA PRÊÇO DA ÁGUA. No interior, "prêço de água PODE duplicar". Não volto a ler, nos tempos mais próximos, notícias destas, no CM.
A partir de amanhã, vou beber a outro chafariz.