Ontem, socorri-me de todas as minhas qualidades de paciência e estive a ver e a ouvir, na sic/notícias (onde haveria de ser), mais uma daquelas entrevistas extraordinárias, pelo encanto do entrevistado e pela subtileza do entrevistador (no caso, uma entrevistadora). Esta, depois de, sumariamente, fazer o "lançamento" da entrevista, atirou, de forma encantadora, a primeira pergunta: "então coméque é"?
Não foi preciso mais nada. O jovem entrevistado, com tiques de intelectual, naturalmente falsos, saltou dos tacos e partiu. Não sei quando parou, porque mudei de canal ao fim de meia hora. Nesse entretanto, "vomitou" mais ou menos isto:
"O nosso projecto tem objectivos muito ambiciosos, polivalentes e supra estruturais. Antes de mais, ouvimo-nos por dentro, num exercício de cores e de tempos. Você sabe como é. O nosso corpo passa e repassa pelos caminhos da esperança e o que nós fizemos foi levar a dança e o movimento ao céu e ao inferno, numa mescla de gozo sexual e utopia renascentista. Tudo o que está feito, nestas danças, resulta do aprofundamento da alma e do seu encharcamento nos rios de lama que nos oprimem. Vai ser, certamente, um êxito, dadas as rebeldias sonoras que amassámos com os textos e com os remorsos dos povos, avessos a estes transtornos abissais e sigilosos..."
E por aí fora. Um encanto!!!