para contar, no seu estilo sibilante, a confusão (para não dizer outra coisa) a que chegou o País. Entre tantas, vou anotar apenas as seguintes situações:
1.Diariamente, os nossos jornais noticiam cada vez mais crimes, de todas as espécies e em todas as paragens. Dantes, a criminalidade concentrava-se apenas nos grandes centros urbanos, sendo poupadas as pequenas cidades e vilas. Hoje, a lava do vulcão atingiu já todas as periferias, por igual, sendo difícil encontrar uma pequena aldeia onde o crime não tenha, entretanto, assentado arraiais. Os tribunais não chegam para tanta tarefa que se lhes exige, a polícia judiciária não tem meios, nem gente, para investigar, de forma minimamente capaz, tudo o que aparece e o ministério público (que nunca deveria ter sido autonomizado da magistratura judicial, na minha opinião) não tem capacidade, nem formação, suficientes para lidar com a catrefa de casos que todos os dias lhe batem na porta. As polícias, mais preparadas para prevenir, não chegam para tudo e, por isso, acabam por prevenir muito pouco. Então o que fazer? Mais tribunais (talvez até às aldeias), mais PJ, mais MP, mais PSP, mais GNR, mais, mais? E depois, como vai ser? Prende-se mais gente, mais gente, mais gente? E onde há cadeias para tudo isso? Ou fica tudo na rua, com algemas electrónicas a chocalhar pelas estradas e ruas?
2. Para já não falar nos crimes elegantes e bem falantes, agora na moda. Na administração pública, central e local, nas corporações de bombeiros, nas polícias, nas instituições até então mais prestigiadas, na política, que sei eu? Onde é que isto vai parar? Não há operações de "apitos dourados", nem de "sirenes ocultas", nem de Felgueiras, nem do Marco, nem, nem, que cheguem para tudo. Dá idéia que o País está a saque, que é o fartar vilanagem, que é o safe-se quem puder.
3. A cereja no bolo acaba de ser posta pela senhora Ministra das Finanças, ao nomear para Director-Geral das Contribuições um alto quadro não pertencente à função pública, com um vencimento mensal superior 25.000 euros, justificando tal nomeação com o facto de não haver nos quadros públicos ninguém competente para tais funções. Pasmamos com tudo isto, mas ainda mais porque a ministra deu esta justificação publicamente, na cara de todos os quadros superiores da função pública, teoricamente habilitados para o desempenho desse cargo. Isto é: parece que está tudo doido e o País, para chegar à frente na formatura europeia, precisa é de juizo, de muito juizo.