Quatro símbolos da minha terra:
- A igreja matriz, sóbria mas bonita, pegada à casa do conde Sobral.
- O coreto, na praça principal, onde, ainda garoto, ouvi, pela primeira vez, a "1812". Nas Festas de Verão, em Setembro, todos os anos. Sempre quatro bandas de música para abrilhantar as Festas. Duas do norte e, frequentemente, a de Palmela, aqui do sul.
- O edifício da Câmara Municipal, hoje já pequeno para alojar todos os serviços.
- Por último, o chafariz. Naquele tempo, à tardinha, o Chelpa levava os bois a beber, num dos tanques. Os bois iam a passo, devagar, e o Chelpa, na rabeira dos animais, com a vara comprida numa das mãos, tão devegar como eles. Nenhum tinha pressa e, tão devagar como iam, assim voltavam para as cocheiras do dr Morais Cardoso, ali bem perto da praça. O Chelpa era um homem molengão, pacífico, pouco falador. Era casado com a Maria José Balbina, uma "criada de servir" (como então se dizia) nas casas das senhoras mas que também, dizia-se à boca cheia, dava as suas baldas à rapaziada. O Chelpa podia ser (e era) um monte de sebo. Mas foi, até morrer, um símbolo do Sobral e um inesgotável manancial de humanidades. Pena tenho eu de não saber escrever mais do que isto. Se tivesse tento no dedo, fazia do Chelpa a linda e rica história que ele foi.
- Estes quatro "monumentos" sobralenses situam-se todos na praça principal da vila. Eu nasci ali, há muitos, muitos anos.