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"Caetano e Spínola não eram, evidentemente, campeões anticoloniais. Mas, em consequência do ambiente internacional, foram levados a considerar a descolonização, bem como diversas alternativas intermédias, como a "autonomia progressiva" (de resto consa- grada na revisão constitucional de 71) ou o federalismo. Só que os "capitães de Abril" também não o eram. Bem pelo contrário, tendo grande número deles combatido ferozmente na guerra colonial. Os "capitães" tornaram-se descolonizadores pela força das circunstâncias. E fizeram então uma determinada descolonização, pela qual entregaram as antigas colónias a um futuro que é o do seu trágico presente. Nas ex-colónias aconteceu afinal aquilo que foi evitado in extremis na metrópole a substituição de uma tirania por outra. A qual, 30 anos depois, ainda por lá vigora. Libertador aqui, "Abril" entregou a África ex-portuguesa a uma nova servidão."
Palavras amargas, mas certas, escritas por Luciano Amaral, no excelente Editorial do DN de hoje.