O meu tio Anacleto, há muito refugiado na sua aldeia da Beira interior, tem andado muito calado, nestes últimos tempos -há uns cem dias, para aí- calculo eu porque o actual homem do leme da nossa fragata é das suas vizinhanças e é sabido que os comidos no mesmo pão e bebidos na mesma água se defendem mutuamente, nem que seja pelo silêncio. Ora, o meu tio Anacleto, não sei por que carga de água, deu agora, findo o tal período "sem graça nenhuma", em pensador de frases curtas. Eis uma, entre as que me enviou hoje:
"Preferia a democracia da ditadura anterior à ditadura democrática de hoje".
Nem o filósofo Sócrates, nos seus iluminados e longínquos pensamentos, alguma vez pensou assim.