O meu tio Anacleto -beirão de boa cepa e homem muito prudente- pediu-me, hoje, parecer sobre qual o melhor critério para decidir o seu voto, nas eleições autárquicas de domingo. Dado o melindre da questão, alonguei-me, na resposta ao pedido, em considerações diversas, oblíquas, tangentes, cinzentas, como fazem certos políticos quando não querem dizer coisa nenhuma sobre nehum assunto.
No final da minha longa dssertação, bem ajustada, aliás, ao tempo presente, o meu tio Anacleto limitou-se a dizer-me, de imediato: é isso mesmo, sobrinho -desta vez e dado que as coisas estão como estão, vou seguir o seu conselho.