Se só agora, em 2005, é que Portugal tem um Governo sério, corajoso e transparente, capaz de endireitar, finalmente, as contas públicas, não é legítimo concluir que todos os outros, antes deste, nomeadamente os mais próximos, não foram sérios, nem corajosos, nem transparentes,numa palavra, que foram todos, ao fim e ao cabo, uma cambada de incompetentes?
Eu acho que a conclusão é, não só perfeitamente legítima, como ainda, e acima de tudo, lógica e decorrente das mais elementares regras de raciocínio.
Se esta conclusão não fosse legítima, certamente que, pelo menos, os mais recentes primeiros-ministros e ministros das finanças, já teriam vindo a terreiro, como damas ofendidas, defender, com poderosos e fortes argumentos, as políticas que então seguiram. Não dei conta de que qualquer deles tenha feito isso, salvo pequeninas e lamuriantes explicações, para casos isolados e pouco significativos. E, como diz o ditado popular, quem cala...consente.