Só agora tive conhecimento de que, há cerca de três meses, assaltaram a casa do meu compadre alentejano, durante a tarde, enquanto ele jogava uma suecada na Casa do Povo e a ti Margarida tinha ido à da cunhada, dar dois dedos de conversa. Os meliantes arrombaram a porta, entraram em casa, sem que nenhum vizinho desse por isso e roubaram o que, para ele, era a coisa mais sagrada e preciosa que tinha: os "direitos adquiridos" ao longo de uma vida de trabalho e de sacrifícios. De então para cá, o meu compadre, triste e desalentado -como é natural que esteja, face a crime tão cruel- não tem feito outra coisa, de manhã à noite, que não seja seguir pistas, juntamente com a GNR local, na tentativa de descobrir e levar à Justiça o autor, ou autores, de tão grande malfeitoria. Em vão, até agora.
A única forma que encontrei de dar-lhe algum consolo foi garantir-lhe que muitos outros compadres -muitos milhares- foram também vítimas de crimes semelhantes, quem sabe se praticados pelo mesmo "assaltante".
Fraco e triste consolo, reconheço eu. Mas foi o que me veio à boca. Que ganharia ele (e eu) se lhe indicasse o nome e a morada do autor destes assaltos?