PIRUÇAS

Janeiro 28 2006

Um violento tornado varreu hoje, no final do dia, a zona da Luz, em Lisboa. Não se registaram feridos, nem mortos (felizmente!), mas parece que há muita gente com fortes mazelas.


Bem disseram os meteorologistas que vinha aí o mau tempo. E veio mesmo.

publicado por poleao às 22:08

Janeiro 28 2006

BALADA DA NEVE

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
– Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
– e cai no meu coração
.


Augusto Gil

publicado por poleao às 20:52

Janeiro 25 2006

No carrossel da vida:


 


outra corrida, outra viagem.

publicado por poleao às 16:10

Janeiro 19 2006

Decisões do treinador (que sou eu):


O ABRUPTO, até há pouco tempo imprescindível na equipa, vai, desde já, para a equipa B e, se continuar convencido que é o melhor ponta-de-lança do planeta, segue direitinho para a lista de dispensas, a custo zero. Doutores que não jogam nada já cá temos que cheguem.


O Blasfémias, perdeu a forma, anda a jogar mal, sem força, sem genica. Vai também, uns tempos, para a equipa B e só volta à equipa principal se recuperar o sentido de baliza, que sempre o caracterizou.


Lugar aos novos. Está na hora da mudança.

publicado por poleao às 20:17

Janeiro 16 2006

cabo Costa.bmp Ontem, ao passar por um canal de TV (julgo que foi "a dois"), dei conta que estava a ser entrevistado, por dois ou três jornalistas, o sr ministro da Administração Interna -o cabo Costa, como é conhecido na gíria. Embora não parasse por muito tempo a ouvir este polivalente governante, deu para saber que já nomeou um "grupo de trabalho", ou lá o que é, para ESTUDAR a segurança interna que temos e propor outro modelo que garanta uma melhor segurança para os portugueses -melhor em tudo, mas que, naturalmente, custe menos euros!! Lá foi, entretanto, dizendo, respondendo a perguntas dos jornalistas, que a "comissão" encarregada do ESTUDO é "transparentemente independente", muito embora, ao que me pareceu, todos eles, incluindo o sr ministro, se orientem pela mesma cartilha.


E já hoje, ao sair de uma outra reunião, igualmente relacionada com as "contenções orçamentais", o nosso cabo Costa adiantou mais esta: muito embora a GNR seja uma força militar, não faz sentido que muitas centenas dos homens que a integram estejam a fazer serviços burocráticos, e outros, dentro dos quarteis, em vez de serem ocupados no patrulhamento exterior.


Seguindo esta lógica, em breve chegará o tempo em que, no interior dos quarteis da Guarda, serão colocados, para não dizer "despejados", os mal-amados excedentários da função pública. Passaremos, então, a ter, bem ao gosto do sr ministro, uma FORÇA DE SEGURANÇA DE PORTAS ABERTAS.


Claro que isto sou eu a magicar com os meus botões, a sonhar alto, talvez. No fim de contas, o sr ministro é que terá razão. Será até caso para o saudar assim, com Camões:


E vós, ó bem nascida SEGURANÇA


Da lusitana antiga liberdade,


E não menos certíssima esperança


Do aumento da pequena cristandade;


Vós, ó novo temor damaura lança,


Maravilha fatal da nossa idade,


Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,


Para do mundo a Deus dar parte grande.


 (Lusíadas, estrofe VI)

publicado por poleao às 21:55

Janeiro 15 2006
Fosso que separa pobres dos ricos agrava-se em Portugal

Portugal é o país mais desigual e mais pobre da União Europeia, com a diferença entre os mais ricos e os mais pobres a acentuar-se desde 2001, sendo actualmente cerca de dois milhões o número dos que vivem com menos de 350 euros por mês, segundo dados do Eurostat hoje divulgados pelo Público.



Portugal é, de acordo com os últimos dados do Eurostat (Gabinete de Estatística da UE), o país da União Europeia (UE) onde é maior a desigualdade de rendimentos entre os dois grupos de pessoas situados nas extremidades da pirâmide social.


Isto é o que dizem os jornais de hoje (e dizem mais, da mesma negra cor).


Eu continuo a parguntar: e ninguém é responsabilizado por ISTO -nenhum Presidente, nenhum Governo, nenhum político????

publicado por poleao às 22:21

Janeiro 11 2006

Portugal na banca-rota





«O ministro das Finanças afirmou ontem que daqui a 10 anos o Estado não terá dinheiro para pagar reformas». Um político que diz isto, espalhando o pânico entre os trabalhadores votantes, é um inábil. Um Ministro que diz isto, lançando a desconfiança sobre o Governo a que pertence, devia ser demitido. Um Ministro das Finanças que assim se revela tão superficial, é um irresponsável. E, no entanto, tudo sucede porque o autor da proeza resolveu alinhar na facilidade de ir à TV alinhar naqueles debates em que nada se esclarece. Entre bocas e apartes saíu-lhe esta. Agora venha explicar que a verdade é mais complexa e que não é bem assim. Está feito o mal!

 

Acabo de ler este post no "a revolta das palavras".

 

A minha "bota" anterior diz bem com esta "perdigota".
publicado por poleao às 15:50

Janeiro 11 2006

Segurança Social garante estabilidade do sistema
Polémica Vieira da Silva contraria tom alarmista de Teixeira dos Santos sobre falência do sistema Medidas em vigor preconizadas pelo Governo deverão evitar o pior em 2015 

OMinistério do Trabalho e da Segurança Social (MTSS) reafirma o objectivo de encerrar este ano com um saldo positivo de 101 milhões de euros. Além disso, a mesma fonte lembra uma série de medidas já tomadas no sentido de garantir a sustentabilidade financeira, contrariando, desse modo, as declarações do ministro das Finanças sobre a ruptura, dentro de 10 anos, da Segurança Social (SS).

Anteontem, num programa televisivo, Teixeira dos Santos referiu-se à falência do Fundo de Estabilização da SS dentro de 10 anos, se nada fosse feito, um cenário já previsto no Relatório de Sustentabilidade Financeira da SS. No entanto, ontem, o próprio ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira da Silva, optou por um tom mais sereno e disse que existem condições para vencer as dificuldades de sustentabilidade da SS, desde que sejam tomadas as medidas adequadas. Fonte do Ministério das Finanças garante que o ministro quis fazer apenas um novo alerta sobre o sistema de SS no contexto de um debate televisivo sobre as perspectivas para este ano, e nada mais. (JN, de hoje)


 


Haverá melhor exemplo de chantagem política do que as declarações "dramáticas" proferidas, na última 2ª feira, na RTP, no programa Prós e Contras, pelo sr ministro das Finanças? Isto é: ou aceitam, de bico calado, aquilo que nós queremos fazer, ou, então, o mais tardar em 2015, o Estado não pode pagar aos pensionistas as respectivas pensões. Esta é, do meu ponto de vista, uma grosseira e intolerável maneira de fazer política -a que os "yes man" chamam, naturalmente, de "realista".


Pelo que li e ouvi, desde então, as "coisas" não são bem assim, porque há "considerandos" importantes de análise que não foram ponderados -sabe-se lá porquê-  pelo ministro Santos. Afinal ainda há esperança de salvar o doente -disse já o ministro da Segurança Social. Isto é: tal como nas "presidenciais", a "oposição" vem mesmo de dentro do PS. Por isso, é oportuna esta pergunta, já feita, à boca cheia, por muita gente: o maior partido da oposição -o PPD/PSD- fechou para obras, perdeu o pio ou prepara-se para abrir falência, seguindo o exemplo, aliás, da falência da Segurança Social, publicamente prevista pelo sr ministro das Finanças?


 


 

publicado por poleao às 14:54

Janeiro 11 2006

 Não resisto à tentação de publicar aqui, com a devida vénia, esta excelente "foto" da actualidade portuguesa:


DEVIDA COMÉDIA


por Miguel Carvalho in "Visão" on line


Quarta, 14 Dezembro 2005


 «Só gostava que algumas coisas ainda estivessem no sítio. E a alma e o coração não se ressentissem desta modernidade consumida a prestações, por conta de um futuro que não deixa saborear o tempo presente».


 Modernidade


Conversa-se num telemóvel XPTO, terceira geração, câmara fotográfica, vídeo, Internet. Só lhe falta fazer café e vomitar faxes. Mas não tem rede nos sítios mais improváveis e ouve-se as pessoas como se estivesse no Bangladesh.Escreve-se num computador com memória de elefante e rapidez de fórmula 1 que, por capricho, bloqueia nas partes boas do texto e se estampa a arquivar o que preciso. Ignorante de pai e mãe, o bichinho tem o corta e cola e outras ferramentas de grande utilidade para os iletrados preguiçosos e analfabrutos de serviço. Almoça-se uma sopa e um croquete ao balcão para pagar o carro, a casa, o ecrã plasma e o adolescente lá de casa que trocou a mesada pelo mensalão.Lê-se (lê-se?) jornais giros, carregadinhos de suplementos e fascículos sobre o brinco através dos tempos ou outros coleccionáveis sobre as cuecas das misses. Também oferecem faqueiros, crucifixos, bolas de futebol, berlindes, panos de cozinha e atoalhados. Às vezes também têm notícias.Modernos que são, fecham a edição cedo. Normalmente depois dos telejornais das oito, não vá um camião desgovernado matar três pessoas na A1 ou um tresloucado varrer a família à sacholada, coisas que dão sempre boas notícias, como se sabe.Os telejornais entretêm, os reality-shows são notícia.Os jornalistas andam de avião, jogam golfe, dão entrevistas íntimas, mostram os filhos e cão. Jantam com o patrão, no crédito têm mais de um cartão. As putas escrevem livros. Sim, as putas escrevem livros e há quem os publique.Trocou-se a ética pela estética, a retórica pelo pensamento, a dedicação pela sabujice, o profissionalismo pelo amadorismo pavoneante.A ignorância, a desfaçatez, o culto do umbigo, do eu e do meu, ensinam-se nas escolas e promovem-se nas empresas.Cultiva-se o físico e a flacidez da mente.Governa-se ao sabor da corrente com assessores, conselheiros, maquilhadores e chefes de gabinete.


Em Portugal, as putas já foram digníssimas senhoras de rua e boteco manhoso.Os jornais fechavam tarde, de madrugada e davam notícias.Os jornalistas já foram grandes comedores e bebedores, deitavam-se tarde e, mesmo assim, escreviam belas prosas.Comia-se sentado e bebia-se com elevação.Não publicava livros quem podia, mas quem sabia. Escrever.Lia-se a Maria e a Nova Gente, jornalismo rosa de referência antes de saber-se o que isso era.Falava-se ao telefone com tempo, escreviam-se cartas aos amigos, aos amores.A política tinha gente com nomes de peso. Agora pesa-nos até o nome dos políticos que temos.Saudosista, eu? Não, nem por sombras. Só gostava que algumas coisas ainda estivessem no sítio.E a alma e o coração não se ressentissem desta modernidade consumida a prestações, por conta de um futuro que não deixa saborear o tempo presente.

publicado por poleao às 11:58

Janeiro 09 2006




Jorge Godinho
 Joaquim Pina Moura foi consultor do Grupo BCP para o sector da energia, transitando depois para a presidência da Iberdrola Portugal
Joaquim Pina Moura foi consultor do Grupo BCP para o sector da energia, transitando depois para a presidência da Iberdrola Portugal

"Joaquim Pina Moura recebeu120 mil euros, em 2004 como consultor do Banco Millennium BCP Investimento SA por trabalhos de consultoria na área da energia."


Como é que este senhor, e outros da mesma fornalha, se pode preocupar, mesmo levemente, com os generalizados aumentos que aí estão. Mesmo que lhe tirassem 50% do seu vencimento mensal, ainda estaria, certamente, muito longe das agonias que sofrem, no dia-a-dia, os portugueses comuns, de "fato cinzento".


São estas falsas solidariedades, em períodos de grande crise, como a que estamos a viver, que levam as pessoas, cada vez mais, a não acreditar nos políticos e nas políticas que eles seguem.


 

publicado por poleao às 22:12

TÃO LONGE DO MUNDO E TÃO PERTO DE TUDO
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