Tenho para mim que chamar mentiroso a alguém, sem provas inequívocas para isso, constitui uma das mais odiosas ofensas que se podem fazer a uma pessoa. Nos últimos dois dias, durante as manifestações, de rua promovidas pelas forças de segurança, contra o "pacote" de medidas que o governo se prepara para aprovar, os participantes, entre outras "palavras de ordem", gritaram, alto e bom som, esta: mentiroso, mentiroso...,tendo como destinatário o ministro da AI. Os manifestantes lá sabem as razões que os levaram a chamar mentiroso ao senhor ministro.
Eu não vou chamar mentiroso a este membro do actual governo -longe de mim tal ideia- porque o desencontro de informações que vou mostrar pode resultar de algum equívoco, ou de algum lapso, sabe-se lá. A verdade é que, há dias, ouvi o sr ministro dizer, na TV, que o número de beneficiários da ADMG (sub-sistema de saúde da GNR) era de 200.000 e hoje, guiado por outro blog, li os seguintes elementos, num documento do Mai, de 8 deste mês, intitulado "Revisão dos regimes de assistência na doença da PSP e GNR", que pode ser consultado no "sítio" do MAI:
# Titulares (activo + aposentados)................... 46.729
# Beneficiários familiares................................. 76.332
TOTAL..................................... 123.061
Bem longe, pois, dos 200.000, anunciados pelo sr ministro. Não se trata, naturalmente, de uma mentira. Longe de mim tal pensamento. Será um lapso ou uma mera confusão e não sou eu quem faz a contabilidade dos lapsos, das confusões e das embrulhadas dos governos. Mas não posso esconder o que ouvi e li.